A leitura- estudo do texto (João Wanderley Geraldi).
O autor fala que é preciso reconhecer que a leitura e o estudo do texto são comumente praticados em outras disciplinas e não nas aulas de língua portuguesa, esta que deveria desenvolver as variadas formas de interlocução leitor/ texto/autor.
Um roteiro que pode ser útil no estudo do texto é especificar:
· A tese defendida no texto;
· Os argumentos apresentados em favor da tese defendida;
· Os contra- argumentos em teses contrárias;
· Coerência entre tese e argumentos.
Vejamos um exemplo:
· Tese:
A baixa produtividade da economia brasileira é a causa, a raiz da inflação;
· Argumentos:
- No Brasil, apenas dois terços dos dias do ano são dedicados á produção;
- pouco mais de um terço da população brasileira trabalha;
- o custo do trabalho efetivo de sete meses equivale a dezessete salários mensais.
· Contra- argumentos: Não se discute outros fatores que causam a inflação.
· Coerência entre tese/ argumentos: O texto é viciado pela incoerência entre argumentos e a tese. Se fossem verdadeiros os argumentos, a baixa produtividade não decorre dos fatos apresentados como argumentos. Ao contrário, produtividade maior é aquele que se obtém com o mínimo de esforço (de tempo e pessoas), com o máximo de resultados (renda). A tese em princípio aceitável não se segue dos argumentos dados.
Os elementos coesivos não servem só para ligar, vejamos um exemplo que caiu na prova da Unicamp:
Dois adesivos foram colados no vidro traseiro de um carro:
Em cima: Deus é fiel
Em baixo: Porque para Deus nada é impossível
É possível ler os dois adesivos em sequência, constituindo um único período. Nesse caso,
a) o que se estaria afirmando sobre fidelidade?
b) o que o dono do carro estaria querendo afirmar sobre si mesmo?
Agora que você já refletiu sobre o sentido e tentou responder, veja a reposta esperada pela banca:
a) estar-se- ia afirmando que a fidelidade é uma coisa impossível de se seguir.
b) O dono esta querendo afirmar que ele é infiel tendo em vista que só Deus é fiel, pois, fidelidade para o dono do carro é uma coisa impossível de se seguir.
A Unicamp, trabalhou com as relações de sentido através do elemento “porque”. O interessante também é que as respostas esperadas como corretas consideram o contexto em que o enunciado foi produzido.
Obs: O motorista do carro, portanto, pegou dois textos produzidos em contextos diferentes e os inseriu em um terceiro contexto. Isso significa que no contexto real em que os textos foram produzidos, a fidelidade não foi colocada como algo impossível para a humanidade, tal como o motorista poderia querer afirmar.
- Geraldi, João Wanderley (org). O Texto na Sala de Aula. Ed. Ática. 1997
- aescritanasentrelinhas.d3estudio.com.br/?...coesao-e-coerencia - acessado dia 04/05/2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário